Por: André Jerusalmy e Fernanda Lazzarini
Recentemente, uma nova modalidade de investimentos ganhou relevância nos Estados Unidos. Conhecido pela sigla SPAC (Special Purpose Acquisition Company, ou, em português, Veículo de Propósito Específico de Aquisição), referida modalidade é voltada a empresas que ainda estão em vias de listar suas ações na Bolsa de Valores por meio de um IPO (oferta inicial de ações, em português), porém utilizam os SPACs para levantar recursos em momento anterior.
Para se ter uma ideia de como os SPACs cresceram, em 2020 foram contabilizadas 248 ofertas de SPACs nos Estados Unidos, enquanto durante os primeiros meses de 2021 já foram realizadas 296 ofertas, o que demonstra que referida modalidade está em franca expansão e tende a se tornar cada vez mais comum.
No Brasil, essa forma de investimento está em discussão perante a Comissão de Valores Mobiliário, e tem recebido informalmente o nome de “IPO do Cheque em Branco”, pois o investimento irá basicamente acontecer da seguinte forma: O investidor irá aportar recursos a uma determinada gestora sem saber para qual empresa esse dinheiro será destinado, ou seja, o investidor dá um “cheque em branco” à gestora, que fica encarregada de encontrar uma empresa com potencial de valorização após o IPO.
Por certo, a gestora que atua nesse ramo, que receberá o nome de “patrocinador”, deve ter credibilidade, afinal, a responsabilidade pelo investimento recairá sobre ela.
Não somente vantajosa para a empresa que receberá o investimento antes mesmo de abrir seu capital, essa modalidade apresenta vantagens aos investidores, como a possibilidades de adquirirem ações das empresas antes delas supervalorizarem em uma eventual abertura de capital.
Embora até o presente momento as SPACs estão concentradas nos EUA, os reguladores brasileiros já analisam a possibilidade de importar essa modalidade para solo brasileiro. Em razão da facilidade de levantamento de capital que as SPACs possuem, bem como em decorrência da alta liquidez global, uma gestora com credibilidade conseguirá atrair investidores para impulsionar projetos de alto potencial de valorização.