Por: André Jerusalmy
Os SPACs, conhecidos também como IPO do “cheque em branco”, já são conhecidos no mercado financeiro americano (Nasdaq), pois são uma das formas mais flexíveis de captação de recursos para realizar um IPO (abertura de capital).
Referida modalidade de captação de recursos ainda não está disponível no Brasil, porém já possui interesse por parte de diversos investidores, tanto que em 6 de abril deste ano a B3 lançou um guia para os “SPACs”. Essa iniciativa parte do princípio que não há impedimentos legais ou mesmo obstáculos regulatórios para o desenvolvimento desse tipo de veículo de investimento no país.
A febre de SPACs se alastrou internacionalmente após os recordes feitos em 2021. Em 2021, houve 613 IPOs desse tipo de companhia não operacional, sendo que levantaram cerca de U$ 162,5 bilhões no mercado, segundo a plataforma “spacinsider.com”. Até 6 de abril deste ano, foram feitas 55 aberturas de capital, com uma captação monetária de aproximadamente U$ 10 bilhões.
Apesar da fama, os SPACs vem perdendo força devido a inúmeras razões. Devido ao grande número de SPACs lançados nos últimos anos, especialmente nos EUA, inflacionou o mercado e muitas estruturas que enfrentam dificuldade para encontrar uma companhia madura o suficiente para realizar a combinação de negócios e levá-la à bolsa. Outro ponto questionado devido a esse tipo de operação é o otimismo dado a algumas previsões operacionais. Cerca de 31 processos seletivos ocorreram de investidores relacionados a SPACs ante apenas cinco em 2020.
Mesmo assim, o mercado de SPACs no exterior, principalmente nos EUA, continua muito maior que há quatro anos. Em 2018, houve uma listagem de 46 veículos do gênero em todo o ano, que é uma quantidade menor do que a registrada nos três primeiros meses deste ano.
Vale lembrar que no ano passado, a consultoria Alvarez & Marçal obteve o registro da primeira estrutura de SPAC brasileira na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, em paralelo, a aprovação da listagem na B3.