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Nova Crise do GSF e Crise Energética

13 de setembro de 2021

Por: Leonardo Neri

No final de 2020 e após longos cinco anos tramitando pelo Congresso Nacional, novas condições para a repactuação do risco hidrológico de geração de energia elétrica (GSF – Generation Scaling Factor) foram aprovadas.

O GSF mede o risco hidrológico, que diz respeito ao volume de energia gerado pelas usinas e sua garantia física (quantidade de energia mínima que uma hidroelétrica pode fornecer em um período), essa equação relaciona-se diretamente com o volume de água existente nas bacias hidrográficas, que depende do volume pluviométrico anual, mensal e semanal.

Assim, como é cediço, desde outubro de 2020 o baixo nível dos reservatórios e a baixa precipitação chama a atenção das autoridades brasileiras, que alteraram a ordem de mérito, despachando energia termoelétricas.

No entanto, os números continuam alarmantes e a previsão é de que os maiores reservatórios do país atinjam 10% de sua capacidade. 

Entrementes, sem expectativa de chuvas, e com o uso de energia produzida pelas usinas termoelétricas, consequentemente, há e se manterá o aumento no custo da energia, criando, novamente, uma dívida, tendo em vista que os custos elevados serão suportados pelo mercado – geradoras, transmissoras e consumidores.

O cenário não é novo e se assemelha aos anos de 2015, no qual houve a redução dos reservatórios causada pela estiagem no País, o aumento no consumo de energia e a utilização das termoelétricas e a crise energética de 2001, ocasionada, na época, pela forte estiagem e aliada ao sucateamento do setor de energia em decorrência da falta de investimentos em geração e transmissão de energia, mas, a partir daí, o Governo dedicou-se ao setor, regulamentando-o e incentivando a produção de energia, por meio do crescimento do Ambiente de Contratação Livre – ACL, privatizações e incentivo da transição da matriz energética.

Deste modo, observando o contexto atual e o histórico do País, temos que as soluções propostas, independentemente da coloração do governo, não solucionaram a crise hídrica que o país vive, pois, se, em 2001, o responsável pela crise energética foi a incapacidade estatal de investir em infraestrutura, em 2015, o cenário e as comemorações pelos investimentos do setor eram aplaudidas pelo lado dos vermelhos e dos azuis, mas a ausência de chuvas, gerou enorme abalo no sistema, contrariando as ordens de mérito dos despachos e preços exorbitantes da energia suportados pelos consumidores.

Chegamos em 2021, mais uma vez, a falta de chuva gera a inversão da ordem de mérito dos despachos do Operador Nacional e os preços da energia extrapolam a razoabilidade, e após 20 anos de investimentos, incentivos e aprimoramento da regulação do setor, o problema é o mesmo, a falta de chuvas. Ou seja, independentemente do governo mantemos com o mesmo problema de energia imprevisível seja na existência, seja no preço, alta volatilidade, ingerência inadequada do poder público e ausência de políticas voltadas a solucionar, ou melhor, estudar adequadamente o problema, a ausência de chuvas.

Com isso, as estiagens nas bacias hidrográficas aliada a falta de governança e inadequada ingerência estatal no mercado, faz com que nos deparemos, novamente, com a crise no setor, que necessita encontrar o equilíbrio entre a oferta e a procura de energia, sendo inquestionável, portanto, que estamos diante de iminente nova crise no GSF.

 

[1] https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-153/topico-574/Resenha%20Mensal%20-%20Agosto%202021%20(base%20Julho).pdf

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